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sábado, 17 de novembro de 2012

Mente Complicada


   Um furacão de dúvidas se formava dentro dela. Conflitos internos, pensamento confusos, opiniões distintas e certezas derrubadas. Um desabafo e um ombro eram tudo que ela precisava naquele momento. Mas havia medo. Medo da incompreensão, medo do julgamento, medo de parecer fraca ou incapaz, medo de se expor. Logo, tudo permanecia guardado a sete chaves dentro dela, quer dizer, permanece. Esperando por alguém que torne as coisas mais simples, que consiga penetrar nesta fortaleza que ela chama de coração.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Trem Sem Nome




  É o Trem Sem Nome. O mais disputado da cidade.  Milhões de passageiros determinados a lutarem por uma vaga. Também, quem não gostaria de viajar nessa obra-prima? 
  É um trem de luxo. Taças de cristal, cardápio variado, Vinhos da melhor qualidade, Martini para se lamentar ou champanhe para comemorar, você escolhe. Sofá aconchegante, almofadas de veludo cor de ameixa. Seu aposento privado é decorado exatamente de acordo com as suas preferências. Lustres belíssimos decoram cada parte desse paraíso. As maçanetas são banhadas a ouro, assim como toda a louça. Música ao vivo durante todo o dia. Além de um magnífico vagão de vista, onde se pode apreciar as mais fabulosas paisagens por onde passa o Trem Sem Nome. Perfeito, se não fosse pelo desprezo dos passageiros, que só enxergam os mínimos defeitos, só querem ver o que segundo eles está errado.
  Tudo funciona bem, até que ocorre o primeiro deslize. Um pequeno erro, como uma lâmpada queimada, e há uma revolta. Quebram tudo o que veem pela frente e quase sempre acabam trancados em seus aposentos sem desfrutar das centenas de opções de entretenimento oferecidas, e lamentando o porquê de terem escolhido viajar no Trem Sem Nome. Depois de todo o estrago, deveriam ser expulsos, mas não. Há uma oportunidade. Sempre há uma nova chance. Mas muitos não aproveitam. Cabe ao passageiro escolher sair do trem, continuar no quarto, ou sair e aproveitar as maravilhas ainda inexploradas do trem, que na verdade tem um nome. Vida. E aí, o que você escolhe?

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Perdida


     Uma noite fria. Seca. Poucos raios de luz da cidade, ainda acordada, penetram pela fresta da cortina mal fechada. Silêncio. Uma frágil menina perdida em si mesma. Eu.
   Deitada em minha cama, enroscada em meu cobertor procurando um aconchego, olho para o nada, e começo a pensar em tudo. Principalmente em você. Clichê, mas verdade.
    Fecho os olhos tentando fugir da saudade e da dor acumulada com mais um dia de fingimento. Não funciona.
    Minha mente é inundada por um oceano de lembranças. Imagens que me marcaram. Você chegando e me levando a um universo paralelo onde tudo é colorido e repleto de vida e amor. Você indo embora e deixando um rastro de dor e realidade que me sufocam.
   Meu olhar cria vida própria e se dirige sem permissão para a cabeceira. E lá está você. Nossa foto na praia. Lembra? Sempre a olho antes de dormir. Traz-me –ou trazia-me- paz saber que você está ao meu lado por toda a noite, mesmo que não o seja de verdade.
  As mesmas sensações me levam de volta ao passado e meu coração começa a palpitar. Um sorriso bobo se abre, porém logo se fecha.
   Olho para o alto. Fecho os olhos. Conto até 10. Respiro fundo. Mas não adianta... Não consigo segurar e a lágrima cai, deslizando pelo meu rosto. É o símbolo da minha alma nesse instante. 
   Incrível como a primeira lágrima é como uma represa. Assim que ela escorre, as muitas outras, antes escondidas e facilmente controladas, agora já não podem mais ser evitadas.
  Nossa! Não imaginei que fosse doer tanto!
  Um vazio sem dimensões toma conta de mim. É como se um vento gelado do extremo sul, percorresse por todo o meu ser. Droga! Por que você fez isso?! Por que você “teve” que me machucar?! Por que?
    Meus olhos começam a pesar. Até que enfim. Vou poder fugir um pouco desse martírio. O já estreito raio de visão vai diminuindo, até que eu só posso “ver” a escuridão.  Sussurro um “Boa Noite” para o vazio, antes de adormecer. Sabendo que logo, terei de enfrentar mais um dia de falsos sorrisos.